Os problemas financeiros que estão a afetar a maioria das 187 instituições de solidariedade social do distrito de Santarém podem levar muitas a ter que encerrar portas, ou condicionar a sua atividade, alertou esta segunda-feira, Tânia Gaspar, Presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) de Santarém (UDIPSSS).
A débil condição financeira de algumas instituições levou a que muitas tenham recorrido ao Fundo de Reestruturação do Setor Solidário (FRSS), cujas candidaturas encerram a 30 de novembro, bem como ao Fundo de Socorro Social (FSS), de modo a conseguir superar as dificuldades financeiras levantadas desde a pandemia, agravadas agora pelas guerras da Ucrânia e Palestina e agora uma crise política no nosso país, “que tememos que sejam fatais para o nosso setor”, salienta Tânia Gaspar.
Apesar da “capacidade de se reinventar e de dar resposta em situações de crise”, as IPSS do distrito de Santarém vivem atualmente num clima de insegurança financeira e temem pelo seu futuro, apesar de todos reconhecerem a “a importância que estas instituições têm, pois em qualquer um dos municípios, estas entidades são parceiras na criação de respostas ao nível da ação social e da saúde, nomeadamente apoio a crianças e pessoas mais velhas e com deficiência, sendo também aquelas que muito contribuem para a criação de emprego ao nível local”.
Além da mobilização de pessoas mais jovens para os órgãos sociais destas instituições, também o recrutamento de trabalhadores para as IPSS é um grande desafio, uma vez que as carreiras são pouco alicientes, e têm a concorrência de muitas outras atividades.
“É também preciso cuidar de quem cuida dos nossos e de nós, pelo que é indiscutível que seja necessária e urgente a revisão dos salários de quem trabalha no setor”, refere a UDIPSSS, que reconhece que esta revisão acarreta o desafio de “conseguir o equilíbrio financeiro das instituições.”
A UDIPSSS salienta que apenas com o novo modelo de cooperação poderá fazer face às dificuldades enfrentadas pelas IPSS, uma vez que o existente “é baseado no custo por utente e não no custo do pessoal necessário para prestar os cuidados que a pessoa precisa, o que significa que os valores da cooperação ficam muito aquém do custo real das instituições.”
Face ao aumento do salário mínimo nacional para 820 euros, que representa uma subida de quase 7,9% em relação ao valor atual (760), significa um aumento de cerca de 85 euros por trabalhador (incluindo subsídios de férias, de natal e descontos para a Segurança Social) e face ao aumento do custo de vida, é indubitável a necessidade de haver um aumento significativo das comparticipações, caso contrário, podemos estar a um passo do encerramento de muitas respostas sociais.
Com o objetivo de alertar a comunidade local para as dificuldades enfrentadas pelas IPSS a UDIPSSS irá iniciar em breve contactos e reuniões com a Comunidade Intermunicipal e com cada um dos municípios para a apresentação da ideia de projeto solicitando a subscrição de uma carta conforto, para juntar à candidatura, esperando que este projeto possa merecer o vosso reconhecimento da importância deste projeto.